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Cura LGBTQIAP+: um crime contra a humanidade

atitudes cruéis e criminosas são adotadas para curar o que não é doença
24/04/2022 16:56
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Servidor Temporário do IBGE posta foto de arma de série como solução para cura gay

Servidor Temporário do IBGE posta foto de arma de série como solução para cura gay (Foto: Reprodução/Facebook)

“Cura gay” é um tema que não sai do foco da mídia. É relativamente frequente seu retorno em diversos canais. Recentemente foi objeto no Observatório G.

Há diversos nomes para esta prática: esforços para a modificação da orientação sexual; terapia reparativa; terapia reintegrativa; terapia de reorientação; terapia ex-gay. Ela pode ser definida como um conjunto de práticas instituídas para modificar a orientação sexual à heteronormatividade e o gênero à cisgeneridade.

Esta prática encontra apoio em uma ideologia definida, com três crenças básicas. Orientação sexual e identidade de gênero podem ser redefinidas. A heteronormatividade e a cisgeneridade são as melhores e mais saudáveis opções que as pessoas têm. Ser LGBTQIAP+ é estar doente ou em pecado.

Um artigo científico sobre o tema foi publicado em 2020. Não por acaso o nome da revista que o traz é “Torture” (tortura). Os autores pertencem ao “Grupo Forense Independente de Especialistas” (Independent Forensic Expert Group). Se você considerar a revista não confiável, ou não técnica o suficiente, pode acessar outra versão no Jornal de Medicina Forense e Legal.

As 42 pessoas que o redigiram encontram esta prática em pelo menos 66 países. São aceitas por eles, no todo ou em parte, as atitudes abaixo para “reorientar rumo a uma orientação sexual ou identidade de gênero saudável” (NOTA: a expressão está entre aspas para ressaltar seu erro).

  • psicoterapia (explorar a vida para identificar a causa)
  • terapia de grupo
  • uso de medicamentos antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos e/ou hormonais
  • eletroconvulsoterapia
  • tratamentos que visam causar aversão (choques nas mãos e/ou genitais, ou uso de medicamentos que provoquem enjoo, enquanto estímulos homoeróticos são apresentados)
  • rituais de exorcismos (que podem incluir bater na pessoa com vassoura ou bíblia enquanto textos bíblicos são lidos)
  • alimentação forçada
  • jejum forçado
  • nudez forçada
  • condicionamento comportamental (p. ex., forçar a andar ou a se comportar de determinado modo)
  • isolamento social
  • isolamento do ambiente
  • abuso verbal
  • humilhação
  • hipnose
  • hospitalização forçada
  • agressão física
  • estupro corretivo

Quem as pratica? Nos países identificados são profissionais de saúde (tanto legalmente reconhecidos quanto “alternativos”), líderes espirituais, pessoas religiosas da comunidade, membros da família.

Onde elas são praticadas? Hospitais, escolas, centro de detenção de jovens, instituições religiosas, acampamentos… Ou seja, há países que dão apoio legal a esta prática.

Por que o artigo foi escrito? Os autores deixam claras as razões.

  1. Não há estudos científicos que mostram ser possível modificar a orientação afetiva ou a identidade de gênero das pessoas
  2. não há estudos científicos que mostram que as práticas listadas modificam a orientação afetiva ou a identidade de gênero das pessoas
  3. as práticas citadas são danosas por si só, e trazem danos físicos e emocionais para as pessoas afetadas
  4. são práticas cruéis, degradantes e desumanas

Há mais de 25 anos se sabe não haver tratamento o ser LGBTQIAP+ e que estas tentativas são, portanto, antiéticas.

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