Obs G parceiro UOL 2
Direito a Deus

A Bíblia além da letra Parte II – Deus Rá

Quem era o deus sol citado no Livro do Profeta Ezequiel e a importância de conhecer a sua história

Foto: Ilustração deus Rá

Além de citar a deusa Nut, o livro de Ezequiel cita o deus Sol, outra divindade egípcia, cujo nome era deus Rá.

Na passagem do Livro de Ezequiel 6:4, Deus fala para o profeta da destruição das imagens e altares feitos para o deus Sol, porque o povo hebreu estava adorando-o como ídolo:

E serão assolados os vossos altares, e quebradas as vossas imagens do sol e derrubarei os vossos mortos, diante dos vossos ídolos.”               

Principal deus egípcio, o deus Rá era considerado o responsável pela criação do mundo. Representado pelo Sol, devido à importância da luz para a produção dos alimentos, também podia ser descrito por diversas formas, desde uma ave de rapina até como um escaravelho.

Escaravelho é um tipo de besouro, de cor negra ou escura, oriundo dos países mediterrâneos. Os antigos egípcios consideravam como o símbolo da ressurreição e da imortalidade. Era usado no antigo Egito como talismã, ornamento e como símbolo de ressureição quando colocados sobre a múmia.

A história do deus Rá possui semelhanças com a criação do mundo por Deus, descrita no gênesis. A mitologia egípcia descreveu que Rá estava tão cansado após a criação do mundo que chorou, e de suas lágrimas foram formados o homem e a mulher, assim como tudo o que crescia no campo para alimentá-los. Havia a crença de que os egípcios eram o “rebanho de Rá”.

O deus Rá teria governado diretamente os homens na Terra. Contudo, os homens teriam se aproveitado de sua velhice e conspirado contra ele. Para punir a maldade e a rebelião dos homens que criara, Rá encarregou a sua filha Sekhmet, a leoa selvagem conhecida como “o olho de Rá”, de destruí-los. Voltando atrás, Rá decidiu perdoar a humanidade rebelde.

Contudo, quando a Bíblia fala do deus sol, ela não explica que essa divindade é o deus Rá dos egípcios. Do mesmo modo, também não explica que quando cita a abóbada, está se referindo a deusa Nut do Egito, assim como não explica que os bosques se referem a deusa Astarte. Logo, em vários textos as escrituras falam de deuses pagãos por meio de símbolos.

Da mesma maneira, as escrituras falam dos cultos e rituais a esses deuses sem especificar que se trata exatamente disso. As passagens de Levítico 18:22, Deuteronômio 22:5 e Romanos 1:26-27 são exemplos disso.

Na passagem de Levítico 18:22, a descrição corretamente traduzida como "o homem não terá relações sexuais ejaculando sêmen em outro homem", se refere ao sexo cultual que era feito em adoração à deusa Astarte. Aliás, todo o contexto sexual descrito nessa passagem era praticado nos rituais a essa divindade.

Do mesmo modo, a descrição de que "o homem não vestirá roupa de mulher e não usará a mulher vestes de homem" também se refere aos cultos feitos a essa deusa. Na verdade, a deusa Astarte possuía vários nomes a depender da civilização que estivesse adorando. Ela pode ser chamada também de Astarote, Ishtar, até chegar como Afrodite na Grécia Antiga e Vênus em Roma Antiga.

Por fim, a passagem de Romanos 1:26-27 se refere ao sexo cultual praticado ao deus Baco, conhecido como Dionísio na Grécia. Era o deus do Vinho. Nos seus rituais havia muita glutonaria, muita bebedeira e sexo também.

A Bíblia, contudo, não te conta esses detalhes, assim como não te conta outros detalhes. O livro de Cantares de Salomão 2:9, por exemplo, apresenta várias simbologias para descrever a mulher, comparando-a, por exemplo, às éguas dos carros de Faraó, as quais eram famosas no mundo antigo por serem dotadas de força, destemidas, velozes, de disposição, firmes de pés, preparadas para a guerra. Elas entravam na guerra com intrepidez, e mesmo quando estavam feridas não paravam.

Todo esse contexto traz a simbologia entre Jesus e sua Igreja, mas em uma leitura literal do livro de Cantares de Salomão não é possível alcançar o que Salomão está querendo dizer. É preciso recorrer à História.

Muitos cristãos atacam a teologia inclusiva, defendendo a leitura bíblica na literalidade, por entenderem que ela é suficiente para se alcançar plenamente todos os seus preceitos. Mas a verdade é que a leitura literal das escrituras não é suficiente. Inclusive, se assim fosse não haveria a necessidade de se ter as Bíblias de Estudo. Note que as Bíblias de Estudos apresentam informações colhidas em fontes externas, como o contexto Histórico, Cultural, Social, Arqueológico e Linguístico.

É exatamente isso que a teologia inclusiva tem feito para descortinar os textos utilizados indevidamente para condenar LGBTIs.

Nada novo embaixo do deus Rá. Ops!, embaixo do sol.

linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram